Criada em 2022, a Associação Nacional de Pet Shops (Anpetshop) já soma 114 pequenos e médios pet shops em todo o Brasil. Fundada pelo empresário Alexandre Gomes, a entidade surgiu com o objetivo de oferecer suporte, representação e fortalecer os empreendedores do setor, que enfrentam desafios estruturais mesmo diante do crescimento acelerado do mercado pet.

O segmento vive uma das fases mais dinâmicas da sua história. Impulsionado pela pandemia, que intensificou a humanização dos animais de companhia e gerou um aumento no número de negócios no segmento, o mercado apresentou expansão significativa, mas também trouxe à tona fragilidades.

Entre os principais desafios apontados por Gomes estão a alta no preço da ração, a escassez de mão de obra qualificada e a ausência de referências confiáveis em serviços especializados.

“Logo após a Covid-19 testemunhamos um boom de empresas, mas o empresário não tinha a quem recorrer. Não havia um canal que indicasse advogados, contadores, especialistas em marketing ou tecnologia focados no mercado pet. A associação surgiu justamente dessa ausência de referências e da necessidade de união”, explica o presidente, em entrevista exclusiva ao Panorama PetVet.

Anpetshop oferece benefícios e apoio sem custo para associados

Para atrair adesão e construir credibilidade, a Anpetshop adotou, em um primeiro momento, o modelo sem cobrança de mensalidade. A estratégia é consolidar parcerias com fornecedores e prestadores de serviço, para só depois estruturar um sistema de contribuição.

“Hoje o empresário se cadastra sem custo. A ideia é fechar alianças sólidas e, então, de forma transparente, cobrar um valor justo, garantindo que os associados usufruam dos benefícios gerados”, esclarece.

A Anpetshop já disponibiliza aos associados alguns benefícios importantes. Atualmente, a entidade promove negociações coletivas com fornecedores, fortalecendo o poder de compra de negócios menores, além de  estabelecer diálogo com órgãos públicos e acompanhar pautas regulatórias que podem impactar diretamente a atividade.

Mas o plano é ir além. Entre as melhorias em desenvolvimento estão a ampliação de programas de capacitação e treinamentos em áreas como gestão, marketing, finanças e operação; a oferta de consultorias especializadas para apoiar a profissionalização dos empreendedores; e o incentivo ao networking estratégico, fomentando a cultura de parceria e troca de experiências entre os empresários.

Pressão sobre pequenos pet shops cresce com leis e custos elevados

Apesar do crescimento, o setor enfrenta desigualdades que afetam principalmente pequenas e médias empresas. Entre os principais obstáculos estão o poder de compra limitado, que aumenta o custo de insumos, e a falta de regulamentação da mão de obra em banho e tosa, permitindo que profissionais sem qualificação atuem livremente, gerando desequilíbrios de preço e qualidade.

A ausência de fiscalização e de padrões claros fragiliza a concorrência entre empresas formalizadas e prestadores informais. Além disso, projetos de lei em tramitação no Congresso preocupam o setor, já que propostas chegam de forma desestruturada e, em vez de fortalecer, podem comprometer a sobrevivência de negócios e prejudicar também os profissionais.

“Nosso maior desafio é a regulação do mercado pet. Algumas propostas, se aprovadas como estão, podem levar o setor à falência. Por isso, nosso papel é participar ativamente desse debate, propondo ajustes que tragam equilíbrio e garantindo que a regulamentação seja estruturada, justa e capaz de fortalecer o mercado, sem inviabilizar os pequenos negócios”, defende.

Entre os riscos atuais incluem a criação de exigências complexas para pet shops de bairro, o aumento de custos em um setor já pressionado por margens reduzidas e a aceleração do fechamento de lojas independentes.

Associação reforça diretoria e alianças estratégicas

No radar da associação está a realização de uma nova eleição para recomposição do corpo diretivo com membros atuantes e o lançamento de uma primeira leva de parceiros estratégicos a partir do segundo semestre.

“Queremos preparar o setor para o futuro, para que o pequeno empresário tenha voz, força de negociação e condições reais de competir”, conclui Gomes.